ESMAVC Radio Station – A Ópera: Origens e Grandes Cantores do Século XX - Parte 3 / The Opera: Origins and Great Singers of the 20th Century - Part III
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ESMAVC Radio Station – A Ópera: Origens e Grandes Cantores do Século XX - Parte 3 / The Opera: Origins and Great Singers of the 20th Century - Part III
- Publication date
- 2014
Programa Radiofónico de Francisca Haour / A Radio Broadcasting by Francisca Haour
Maria Amália Vaz de Carvalho High School
Oficina de Multimédia / Class of Multimedia
O projecto ESMAVC Radio Station consiste na criação de conteúdos áudio digitais que poderão ser escutados através da internet ou transmitidos por outros meios de comunicação. Esses conteúdos são temáticos, congregam textos, locução, sequências musicais, ruídos, efeitos sonoros e silêncio, devidamente organizados consoante a intenção dos alunos. Este material é elaborado na disciplina de Oficina de Multimédia e pode ter qualidades mais experimentalistas e ensaísticas ou atributos mais convencionais. Serão tratados temas da História e Estética da Música, do Cinema, da Literatura, das Artes de Cena ou Plásticas bem como outros assuntos relevantes de outras áreas do conhecimento que os alunos decidam explorar. Em paralelo realizar-se-ão anúncios publicitários referindo-se a produtos ou serviços absurdos nos quais a montagem sonora final terá um teor cómico, poético ou crítico. ESMAVC Radio Station goal is the creation of digital audio content that can be heard over the internet or transmitted by other media. These contents are themed, congregate text, locution, musical sequences, noise, sound effects and silence, organized according to the students' motivation. This material is prepared in the class of Multimedia and will have a more experimental and essayistic orientation or a more conventional approach. Themes cover History and Aesthetics of Music, Cinema, Literature, the Performing Arts, Painting, Sculpture, Architecture, as well as alternative issues relevant to other areas of knowledge that students decide to explore. In parallel the class must create advertisements referring to absurd products or services where the final editing must have a humorous, poetic or critical feature.Prof. João Soares Santos
- Addeddate
- 2014-02-28 21:32:06
- External_metadata_update
- 2019-03-30T18:19:17Z
- Identifier
- OperaFranciscaHaourParte3EQ
- Scanner
- Internet Archive HTML5 Uploader 1.5.1
- Year
- 2014
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February 28, 2014
Subject: Kathleen Ferrier and Renata Tebaldi
Subject: Kathleen Ferrier and Renata Tebaldi
Kathleen Ferrier
Kathleen Mary Ferrier nasceu a 22 de Abril de 1912 na aldeia de Higher Walton, Lancashire, na Inglaterra.
William Ferrier, seu pai era um membro entusiasta da sociedade ópera local e de vários coros, e sua esposa Alice Ferrier, com quem se casou em 1900, foi uma cantora competente, com uma forte voz de contralto. Kathleen foi a terceira e a mais jovem dos filhos do casal.
Quando tinha dois anos, a família mudou-se para o Blackburn, depois de William ser nomeado director da St. Paul's School na cidade. Desde cedo Kathleen revelou-se uma promissora pianista tendo aulas com Frances Walker, uma professora com alguma reputação no norte da Inglaterra que tinha sido aluna de Tobias Matthay. O talento de Kathleen desenvolveu-se rapidamente. Em 1924, ela ficou em quarto lugar entre 43 participantes no concurso de piano do Lytham St. Annes Festival, e no ano seguinte em Lytham ela alcançou o segundo lugar.
Como os seus pais não eram abastados e devido à aposentação iminente do pai, Kathleen Ferrier deixou a escola em 1926 e foi estagiar para o General Post Office da Companhia Telefónica em Blackburn, tornando-se uma telefonista qualificada. Continua a estudar piano com a professora Frances Walker. Participa em concursos para pianistas e, em Novembro de 1928 foi a vencedora Regional do Concurso Nacional para Jovens Pianistas organizado pelo Daily Express.
Em 1931, quando tem 19 anos, Kathleen conseguiu o diploma profissional na Royal Academy of Music. Nesse mesmo ano começou a ter aulas de canto e a oportunidade de cantar em Dezembro do mesmo ano numa igreja um pequeno papel de mezzo-soprano na oratória «Elijah» de Mendelssohn. A sua voz não foi considerada excepcional e a sua vida musical estava focada no piano e em concertos locais.
Em 1933 conheceu Albert Wilson, um bancário, com quem se vem a casar em 1935, apesar das reservas dos pais e dos amigos. Pensavam que ela ainda era jovem e pouco experiente e que o casal tinha poucos interesses sérios em comum.
O casamento não foi bem-sucedido; a lua-de-mel revelou problemas de incompatibilidade física e a união permaneceu por consumar. Num artigo de homenagem escrita para o 50º aniversário da morte de Ferrier, o jornalista Rupert Christiansen, sobre a sexualidade de Ferrier, escreveu que «nada justificava a ideia de que ela era lésbica, mas pode ter sido sexualmente frígida». As aparências matrimoniais foram mantidas durante alguns anos, até que a saída de Wilson para o serviço militar, em 1940, terminou efectivamente o casamento. O casal divorciou-se em 1947, embora continuassem a manter boas relações. Wilson posteriormente casou-se com uma amiga de Ferrier, Wyn Hetherington, tendo falecido em 1969.
Em 1937 Kathleen Ferrier participou no Carlisle Festival Open Piano Competition e, como resultado de uma pequena aposta com seu marido, também se inscreveu para o concurso de canto. Venceu com facilidade o troféu na modalidade de piano e, na de canto, com o tema de Roger Quilter «To Daisies», conquistou, na fase final, o prémio principal do festival.
A sua primeira aparição como vocalista profissional foi no Outono de 1937 numa celebração na igreja da aldeia de Aspatria. Após o triunfo no Festival, Ferrier cantou «Ma Curly-Headed Babby» num concerto na Workington Opera House. Cecil McGivern, produtor de um Show de variedades na BBC Northern Radio, com a sua condescendência, incluiu-a na lista dos participantes do seu próximo programa a ser emitido a 23 de Fevereiro de 1939 de Newcastle. Esta emissão radiofónica, a primeira que deu como vocalista, atraiu a atenção dos ouvintes e implicou mais trabalho subsequente para este meio de comunicação.
Em 1939 teve a infeliz noticia que a sua Mãe tinha falecido. No mesmo ano dessa perda familiar, Kathleen cantou no festival de Carlisle o «Allerseelen lied» de Richard Strauss, impressionou o júri e também J. E. Hutchinson, professor de música com alguma reputação.
Depois de frequentar a classe de contralto do Festival de Carlisle, prosseguiu os estudos de canto com J.E. Hutchinson. Começou a ter cada vez mais convites para concertos e recitais vocais e a alargar o seu repertório vocal.
Kathleen Ferrier interpretou o seu primeiro recital em Londres no 28 de Dezembro de 1942 na National Gallery, um evento organizado por Myra Hess. Ferrier não ficou muito contente com a sua prestação e pediu ao barítono Roy Henderson, com quem ela trabalhou no oratório «Elijah» de Mendelssohn, para lhe dar aulas de canto. Este homem vai ser o seu professor até à morte da cantora.
Em 1943 Kathleen cantou o «Messias» de Haendel na abadia de Westminster ao lado de Isobel Baillie e Peter Pears tendo como maestro Reginald Jacques. O seu modo lírico de interpretar seduziu músicos e público. Facilitou novos compromissos em salas de concerto e na rádio.
O seu primeiro disco foi editado em 1944 pela Columbia Record. Tratava-se de duas canções de Maurice Green com acompanhamento ao piano de Gerald Moore. O relacionamento com o produtor, Walter Legge, não foi bom e alguns meses depois transferiu-se para a Decca.
O poder emotivo do timbre e da entoação de Ferrier tornou-a uma intérprete privilegiada nas paixões e oratórios de Bach e Handel bem como nos lied de Schubert, Schumann, Brahms ou Mahler.
Em 1944 ela cantou no papel do anjo no oratório de «The Dream of Gerontius» de Edward Elgar, um dos seus papéis mais conhecidos.
Benjamin Britten que a ouviu a interpretar «O Messias» na abadia de Westminster persuadiu-a a criar a o papel de Lucretia na sua nova ópera «The Rape of Lucretia» a estrear no primeiro festival de Glyndebourne depois da Segunda Guerra Mundial.
As prestações em Glyndebourne que começaram em 1946, trazem-lhe boas críticas embora o acolhimento aos seus desempenhos em ópera fosse menos entusiástico.
Na primeira viagem ao exterior, ao interpretar em Amesterdão, foi acolhida calorosamente pelo público.
Regressa a Glyndebourne em 1947, para cantar o papel de Orfeo na ópera «Orfeo ed Euridice» de Gluck. A sua associação a este festival garantiu-lhe um compromisso profissional com Bruno Walter na interpretação do ciclo sinfónico «Das Lied von der Erde» de Gustav Mahler que veio a ser apresentado no Festival de Edimburgo no mesmo ano.
Em 1948 Kathleen parte para uma digressão de quartas semanas na América do Norte.
Foi cantar em Nova Iorque e Chicago. Depois de voltar para a Europa e de cantar alguns recitais nesse mesmo ano, Kathleen Ferrier regressou, no ano seguinte, aos Estados Unidos da América para uma segunda digressão. Este período de 1948 e 1951 correspondeu ao culminar da sua carreira. O seu pai faleceu em 1951 e nesse mesmo ano descobriu ter um caroço no peito. Cumpriu a sua agenda na Alemanha, Holanda e em Glyndebourne antes de consultar o seu médico. Após testes no University College Hospital, foi-lhe diagnosticado cancro na mama e uma mastectomia foi realizada a 10 de Abril. Todos os compromissos imediatos foram cancelados.
Kathleen Ferrier recomeçou a cantar no Royal Albert Hall a 19 de Junho de 1951. A sua agenda era intercalada com visitas ao hospital. Teve de se submeter a um tratamento de radioterapia.
Em Dezembro gravou nos estúdios da Decca um disco de canções tradicionais.
Em Maio do ano seguinte, apesar da deterioração crescente do estado de saúde, viajou para Viena para gravar «Das Lied von der Erde» e «Rückert-Lieder» de Mahler com Bruno Walter e a Orquestra Filarmónica de Viena. Apesar do sofrimento Ferrier concluiu as gravações entre 15 e 20 de Maio. Em Dezembro de 1952, após passar pelo Festival de Edimburgo, por várias sessões de gravação e por um recital no Royal Festival Hall, cantou pela última vez no «Messias» de Natal da BBC. No dia 1 de Janeiro de 1953 ela é considerada Comandante da Ordem do Império Britânico pela Rainha.
Kathleen Ferrier morreu no University College Hospital a 8 de Outubro de 1953 com 41 anos.
Dois anos depois sua irmã Winifred publicou uma biografia: «The Life of Kathleen Ferrier».
Renata Tebaldi
Renata Ersilia Clotilde Tebaldi foi uma grande soprano dos repertórios líricos e dramáticos. Nasceu a 1 de Fevereiro de 1922 em Pesaro na Itália. Teve lições de piano com Giuseppina Passani em Parma. Ainda muito jovem interessou-se pelo canto e precisou de mentir a sua idade para conseguir entrar no conservatório de Parma que só permitia alunos com idade superior a dezoito anos. Aí estudou voz com Italo Brancucci e Ettore Campogalliani e depois no Liceo musicale Rossini em Pesaro tendo aulas de canto com Carmen Melis e com Giuseppe Pais.
Em 1944 fez a sua primeira aparição no teatro municipal de Rovigo no papel de Elena na ópera «Mefistofele» de Arrigo Boito e no mesmo ano interpreta em Parma e em Trieste desempenha o papel de Desdemona na ópera «Otelo» de Giuseppe Verdi.
Em 1946, depois de uma audição, Renata Tebaldi foi escolhida pelo grande maestro Arturo Toscanini para cantar na reabertura do Scala de Milão. Aparece neste palco regularmente de 1949 a 1954 e depois em 1959. Enriquece o seu repertório com personagens de óperas de Puccini, Giordano, Spontini, Wagner, Boito e Verdi.
Renata vem a ser uma das mais conhecidas sopranos do mundo. Em 1950, durante uma apresentação, ficou indisposta e foi substituída pela cantora Maria Callas. Com essa substituição ouve uma polémica provocada pela imprensa causada pela diferença de timbres das duas divas. Nasceu também uma rivalidade relativamente artificial entre elas que culminou num artigo da Time Magazine no qual Callas era citada dizendo que compará-la com Tebaldi era como comparar champanhe com Coca-Cola. Esta emulação foi útil para as suas carreiras pois realçava as qualidades individuais de cada uma entre os melómanos.
Tebaldi esteve nas melhores salas de espectáculo do mundo, em cidades como Lisboa (1949), Londres (1950), Paris, Buenos Aires ou Nova Iorque (1955). Retira-se durante algum tempo até 1959 e ao regressar volta a impor-se pela beleza do seu fraseado e profundidade interpretativa.
Em 1963 Renata Tebaldi sofreu uma ligeira mudança de voz, esta ficou mais grave e mais dramática do que antes, mas isso não lhe impediu de acumular os triunfos como «La Gioconda» de Amilcare Ponchielli e la Fanciulla del West de Puccini.
A sua última apresentação numa ópera foi em 1973. Em 1975 fez dois recitais em Paris e, no ano seguinte, um concerto para benefício das vítimas do terramoto de Friul, antes de se retirar definitivamente para conservar a sua saúde.
Tebaldi nunca casou nem teve filhos. Depois de se retirar passou a maior parte dos seus dias em Milão. Começou a escrever as suas memórias com a ajuda da jornalista italiana Carlamaria Casanova. As suas memórias escritas apareceram em 1986 com o título «Renata Tebaldi: la voce D'angelo».
Faleceu em 2004, com 82 anos em San Marino.
Kathleen Mary Ferrier nasceu a 22 de Abril de 1912 na aldeia de Higher Walton, Lancashire, na Inglaterra.
William Ferrier, seu pai era um membro entusiasta da sociedade ópera local e de vários coros, e sua esposa Alice Ferrier, com quem se casou em 1900, foi uma cantora competente, com uma forte voz de contralto. Kathleen foi a terceira e a mais jovem dos filhos do casal.
Quando tinha dois anos, a família mudou-se para o Blackburn, depois de William ser nomeado director da St. Paul's School na cidade. Desde cedo Kathleen revelou-se uma promissora pianista tendo aulas com Frances Walker, uma professora com alguma reputação no norte da Inglaterra que tinha sido aluna de Tobias Matthay. O talento de Kathleen desenvolveu-se rapidamente. Em 1924, ela ficou em quarto lugar entre 43 participantes no concurso de piano do Lytham St. Annes Festival, e no ano seguinte em Lytham ela alcançou o segundo lugar.
Como os seus pais não eram abastados e devido à aposentação iminente do pai, Kathleen Ferrier deixou a escola em 1926 e foi estagiar para o General Post Office da Companhia Telefónica em Blackburn, tornando-se uma telefonista qualificada. Continua a estudar piano com a professora Frances Walker. Participa em concursos para pianistas e, em Novembro de 1928 foi a vencedora Regional do Concurso Nacional para Jovens Pianistas organizado pelo Daily Express.
Em 1931, quando tem 19 anos, Kathleen conseguiu o diploma profissional na Royal Academy of Music. Nesse mesmo ano começou a ter aulas de canto e a oportunidade de cantar em Dezembro do mesmo ano numa igreja um pequeno papel de mezzo-soprano na oratória «Elijah» de Mendelssohn. A sua voz não foi considerada excepcional e a sua vida musical estava focada no piano e em concertos locais.
Em 1933 conheceu Albert Wilson, um bancário, com quem se vem a casar em 1935, apesar das reservas dos pais e dos amigos. Pensavam que ela ainda era jovem e pouco experiente e que o casal tinha poucos interesses sérios em comum.
O casamento não foi bem-sucedido; a lua-de-mel revelou problemas de incompatibilidade física e a união permaneceu por consumar. Num artigo de homenagem escrita para o 50º aniversário da morte de Ferrier, o jornalista Rupert Christiansen, sobre a sexualidade de Ferrier, escreveu que «nada justificava a ideia de que ela era lésbica, mas pode ter sido sexualmente frígida». As aparências matrimoniais foram mantidas durante alguns anos, até que a saída de Wilson para o serviço militar, em 1940, terminou efectivamente o casamento. O casal divorciou-se em 1947, embora continuassem a manter boas relações. Wilson posteriormente casou-se com uma amiga de Ferrier, Wyn Hetherington, tendo falecido em 1969.
Em 1937 Kathleen Ferrier participou no Carlisle Festival Open Piano Competition e, como resultado de uma pequena aposta com seu marido, também se inscreveu para o concurso de canto. Venceu com facilidade o troféu na modalidade de piano e, na de canto, com o tema de Roger Quilter «To Daisies», conquistou, na fase final, o prémio principal do festival.
A sua primeira aparição como vocalista profissional foi no Outono de 1937 numa celebração na igreja da aldeia de Aspatria. Após o triunfo no Festival, Ferrier cantou «Ma Curly-Headed Babby» num concerto na Workington Opera House. Cecil McGivern, produtor de um Show de variedades na BBC Northern Radio, com a sua condescendência, incluiu-a na lista dos participantes do seu próximo programa a ser emitido a 23 de Fevereiro de 1939 de Newcastle. Esta emissão radiofónica, a primeira que deu como vocalista, atraiu a atenção dos ouvintes e implicou mais trabalho subsequente para este meio de comunicação.
Em 1939 teve a infeliz noticia que a sua Mãe tinha falecido. No mesmo ano dessa perda familiar, Kathleen cantou no festival de Carlisle o «Allerseelen lied» de Richard Strauss, impressionou o júri e também J. E. Hutchinson, professor de música com alguma reputação.
Depois de frequentar a classe de contralto do Festival de Carlisle, prosseguiu os estudos de canto com J.E. Hutchinson. Começou a ter cada vez mais convites para concertos e recitais vocais e a alargar o seu repertório vocal.
Kathleen Ferrier interpretou o seu primeiro recital em Londres no 28 de Dezembro de 1942 na National Gallery, um evento organizado por Myra Hess. Ferrier não ficou muito contente com a sua prestação e pediu ao barítono Roy Henderson, com quem ela trabalhou no oratório «Elijah» de Mendelssohn, para lhe dar aulas de canto. Este homem vai ser o seu professor até à morte da cantora.
Em 1943 Kathleen cantou o «Messias» de Haendel na abadia de Westminster ao lado de Isobel Baillie e Peter Pears tendo como maestro Reginald Jacques. O seu modo lírico de interpretar seduziu músicos e público. Facilitou novos compromissos em salas de concerto e na rádio.
O seu primeiro disco foi editado em 1944 pela Columbia Record. Tratava-se de duas canções de Maurice Green com acompanhamento ao piano de Gerald Moore. O relacionamento com o produtor, Walter Legge, não foi bom e alguns meses depois transferiu-se para a Decca.
O poder emotivo do timbre e da entoação de Ferrier tornou-a uma intérprete privilegiada nas paixões e oratórios de Bach e Handel bem como nos lied de Schubert, Schumann, Brahms ou Mahler.
Em 1944 ela cantou no papel do anjo no oratório de «The Dream of Gerontius» de Edward Elgar, um dos seus papéis mais conhecidos.
Benjamin Britten que a ouviu a interpretar «O Messias» na abadia de Westminster persuadiu-a a criar a o papel de Lucretia na sua nova ópera «The Rape of Lucretia» a estrear no primeiro festival de Glyndebourne depois da Segunda Guerra Mundial.
As prestações em Glyndebourne que começaram em 1946, trazem-lhe boas críticas embora o acolhimento aos seus desempenhos em ópera fosse menos entusiástico.
Na primeira viagem ao exterior, ao interpretar em Amesterdão, foi acolhida calorosamente pelo público.
Regressa a Glyndebourne em 1947, para cantar o papel de Orfeo na ópera «Orfeo ed Euridice» de Gluck. A sua associação a este festival garantiu-lhe um compromisso profissional com Bruno Walter na interpretação do ciclo sinfónico «Das Lied von der Erde» de Gustav Mahler que veio a ser apresentado no Festival de Edimburgo no mesmo ano.
Em 1948 Kathleen parte para uma digressão de quartas semanas na América do Norte.
Foi cantar em Nova Iorque e Chicago. Depois de voltar para a Europa e de cantar alguns recitais nesse mesmo ano, Kathleen Ferrier regressou, no ano seguinte, aos Estados Unidos da América para uma segunda digressão. Este período de 1948 e 1951 correspondeu ao culminar da sua carreira. O seu pai faleceu em 1951 e nesse mesmo ano descobriu ter um caroço no peito. Cumpriu a sua agenda na Alemanha, Holanda e em Glyndebourne antes de consultar o seu médico. Após testes no University College Hospital, foi-lhe diagnosticado cancro na mama e uma mastectomia foi realizada a 10 de Abril. Todos os compromissos imediatos foram cancelados.
Kathleen Ferrier recomeçou a cantar no Royal Albert Hall a 19 de Junho de 1951. A sua agenda era intercalada com visitas ao hospital. Teve de se submeter a um tratamento de radioterapia.
Em Dezembro gravou nos estúdios da Decca um disco de canções tradicionais.
Em Maio do ano seguinte, apesar da deterioração crescente do estado de saúde, viajou para Viena para gravar «Das Lied von der Erde» e «Rückert-Lieder» de Mahler com Bruno Walter e a Orquestra Filarmónica de Viena. Apesar do sofrimento Ferrier concluiu as gravações entre 15 e 20 de Maio. Em Dezembro de 1952, após passar pelo Festival de Edimburgo, por várias sessões de gravação e por um recital no Royal Festival Hall, cantou pela última vez no «Messias» de Natal da BBC. No dia 1 de Janeiro de 1953 ela é considerada Comandante da Ordem do Império Britânico pela Rainha.
Kathleen Ferrier morreu no University College Hospital a 8 de Outubro de 1953 com 41 anos.
Dois anos depois sua irmã Winifred publicou uma biografia: «The Life of Kathleen Ferrier».
Renata Tebaldi
Renata Ersilia Clotilde Tebaldi foi uma grande soprano dos repertórios líricos e dramáticos. Nasceu a 1 de Fevereiro de 1922 em Pesaro na Itália. Teve lições de piano com Giuseppina Passani em Parma. Ainda muito jovem interessou-se pelo canto e precisou de mentir a sua idade para conseguir entrar no conservatório de Parma que só permitia alunos com idade superior a dezoito anos. Aí estudou voz com Italo Brancucci e Ettore Campogalliani e depois no Liceo musicale Rossini em Pesaro tendo aulas de canto com Carmen Melis e com Giuseppe Pais.
Em 1944 fez a sua primeira aparição no teatro municipal de Rovigo no papel de Elena na ópera «Mefistofele» de Arrigo Boito e no mesmo ano interpreta em Parma e em Trieste desempenha o papel de Desdemona na ópera «Otelo» de Giuseppe Verdi.
Em 1946, depois de uma audição, Renata Tebaldi foi escolhida pelo grande maestro Arturo Toscanini para cantar na reabertura do Scala de Milão. Aparece neste palco regularmente de 1949 a 1954 e depois em 1959. Enriquece o seu repertório com personagens de óperas de Puccini, Giordano, Spontini, Wagner, Boito e Verdi.
Renata vem a ser uma das mais conhecidas sopranos do mundo. Em 1950, durante uma apresentação, ficou indisposta e foi substituída pela cantora Maria Callas. Com essa substituição ouve uma polémica provocada pela imprensa causada pela diferença de timbres das duas divas. Nasceu também uma rivalidade relativamente artificial entre elas que culminou num artigo da Time Magazine no qual Callas era citada dizendo que compará-la com Tebaldi era como comparar champanhe com Coca-Cola. Esta emulação foi útil para as suas carreiras pois realçava as qualidades individuais de cada uma entre os melómanos.
Tebaldi esteve nas melhores salas de espectáculo do mundo, em cidades como Lisboa (1949), Londres (1950), Paris, Buenos Aires ou Nova Iorque (1955). Retira-se durante algum tempo até 1959 e ao regressar volta a impor-se pela beleza do seu fraseado e profundidade interpretativa.
Em 1963 Renata Tebaldi sofreu uma ligeira mudança de voz, esta ficou mais grave e mais dramática do que antes, mas isso não lhe impediu de acumular os triunfos como «La Gioconda» de Amilcare Ponchielli e la Fanciulla del West de Puccini.
A sua última apresentação numa ópera foi em 1973. Em 1975 fez dois recitais em Paris e, no ano seguinte, um concerto para benefício das vítimas do terramoto de Friul, antes de se retirar definitivamente para conservar a sua saúde.
Tebaldi nunca casou nem teve filhos. Depois de se retirar passou a maior parte dos seus dias em Milão. Começou a escrever as suas memórias com a ajuda da jornalista italiana Carlamaria Casanova. As suas memórias escritas apareceram em 1986 com o título «Renata Tebaldi: la voce D'angelo».
Faleceu em 2004, com 82 anos em San Marino.
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